7 de agosto de 2008

Samba sem nota

Não to boa
Acordei da pá virada
Mas é porque to cansada
De dar com a cara no chão

Ando tão desconfiada
Acho que de tanto ser enganada
Dei pra andar na contra mão

Quando criança eu vivia espivetada
E agora assim desanimada
Só dou ouvidos à razão

Minha vida tá mais que revirada
E eu fico abismada
Com frieza e falta de gratidão

Bem lembro que cria em conto de fada
Queria ser uma princesa encantada
E te dar meu coração

Mas de tanto levar porrada
Eu não quero mais é nada
Meus sonhos se perdem na multidão

Sonhei que estava apaixonada
Pelo meu amor era empurrada
Num balanço de cordão

Me sinto como roupa velha, já usada
Toda remendada
Que lhe falta um botão

Finjo não estar incomodada
Dou de ombros, gargagalhada
Mas to mesmo revoltada
Me retiro e faço rebelião

Sou motivo de piada
Na minha cara tá estampada
Minha tristeza sem perdão

Mas eu me faço de rogada
Antes só que mal acompanhada
Nem me venha com consolação

No entanto, minha voz jamais será calada
Nem minha perna amarrada
Escrevo na madrugada
Pra espantar a solidão

Mas um dia o mal vai dar trégua, camarada
Rainha serei coroada
Do reino da satisfação
(ou será contradição?)

Felicidade não é coisa pra ser comprada
Ela vem como quem não quer nada
Mas quando a gente menos espera
Vai embora de supetão


* Isto não é um poema, é um samba. Mas lhe falta musicar. Se alguém estiver interessado, sinta-se à vontade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bela letra.

Anônimo disse...

Já tô com pandeiro na mão!
musicando essa canção!

ó!
amei seus ecritos silguinha!