23 de setembro de 2008

Nada de mim

Não me encontro e nem sei quem realmente sou. Creio que meu verdadeiro ser está naquilo que acredito ser o impossível.
Eu me sinto como quem perdeu todos os dentes. Estou inacabada, por dentro e por fora.
Cadê a menina de olhos grandes e pele alva de tempos atrás? Está aqui e acena pra mim.
Sou que nem bicicleta. Se paro, desequilibro. E por isso estou sempre a pedalar e pedalar e pedalar incessantemente. Aliás, se paro, desmorono.
Tenho apenas a vontade profunda de me render, de mergulhar.
Que me levem pra onde quer que seja. Não importa já que não sei que caminho tomar.
Estou muda, atônita, sem ar.
Mas não estou vazia. Sinto-me cheia, repleta. Mas não sei o que faço com isso tudo. Não saber me angustia, mesmo tendo a consciência de que nunca saberei.

É urgente! Urgente minha agonia de ser! Deixem que eu seja.
Só vejo pedaços de mim. Preciso me esvaziar, pra ficar leve e rodopiar pelo ar, sendo levada pelo vento.

Rodando Rodando Rodando

10 de setembro de 2008

pro dia dos teus anos

se tivesse tempo que determinasse
minha espera (in)consciente
vejo teu passo
teu riso desconcertado
e sei de cor teus clichês

a foto em preto e branco
do aeroporto
do porto que ofereceste
e o lençol listrado de azul laranja
os postais na parede e o abajur queimado

e em meio ao que é fugaz
por vezes intenso por vezes fraco
ficas tu
atado por vontade minha


essa distância física
suposta fatalidade
não desanima
porque estás
és

és guarida em proviso
quando já penso que tudo
é vão e oco

mas isso não me detém
vivo penso
mas deixo parte contigo
quando oiço agrado repentino

sequer te digo
porque penso que sabes
(in)conscientemente

se tivesse tempo que determinasse
o dia que minha saudade vai te trazer pelo braço