18 de julho de 2010

vinte e poucos

Me dar conta de que minha casa não é mais a minha casa e de que preciso de um espaço só meu. Onde eu possa molhar toda a pia do banheiro sem ouvir reclamações, onde eu possa colocar os móveis do jeito que que eu quero e se me dar na telha (e o bolso permitir) uma junkie box no meio da sala.
Onde a novela das oito vai ser substituída pelo dvd do Queen. Onde a geladeira estará menos cheia de comida e mais cheia de cerveja. Onde os amigos possam vir e conversar até de madrugada de tudo quanto é assunto proibido.
Onde sim, eu sentirei falta daquela antiga casa da infância mas ficarei feliz pela independência conquistada.
Perceber que o futuro já é presente e que eu preciso correr se não quiser que ele vire um passado sem graça.
Querer grana, não só pra fazer uma viagem ou comprar uma jaqueta da Levis, mas sim pra ter meu espaço oficial no mundo.
Querer reconhecimento profissional e sucesso.
Sentir que o velho molde marido e filhos já não é tão distante e brega quanto há alguns anos atrás (medo!).
Considerar a possibilidade de juntar os trapos com um possível e futuro namorado (será?).
Ter que resolver problemas chatos de adulto e me sentir feliz por conseguir (mesmo que com muita dificuldade).
Querer aprender a cozinhar.
Já saber os "básicos" inglês e espanhol e estar desejando umas aulas de francês.
Se arrepender de não ter se dedicado àquelas aulas de violão de antigamente, mas ainda assim correr atrás do tempo perdido.
Ter saudade da adolescência.
Se desanimar diante do fato de que o metabolismo não é mais o mesmo e de que eu já não posso "encher a cara" de chocolate, pipoca e coca cola sem consequências desagradáveis.
Conversar com pessoas de 17, 18 anos e nunca ter ouvido falar daquela banda que está "bombando".
Ver muitas das minhas convicções questionadas.
Mudar.
E escrever textos de desabafo na noite de um domingo frio.