8 de novembro de 2008

Mala com alça

Tenho no meu quarto duas malinhas antigas.
Na verdade, elas parecem caixotinhos com alças e têm uma porção de selos antigos colados.
Servem para enfeitar.
Mas dentro de uma delas (a menor) eu guardo todas as cartas, bilhetes e cartões que recebi até hoje.
E dentro da outra (a maior) guardo diários que costumava escrever quando estava no ápice de minha adolescência; e recordações de amores antigos.
Pra minha satisfação pessoal, as duas malinhas estão abarrotadas a ponto de- quando eu resolvo abrí-las- levo algum tempo tentando fechá-las novamente.
Hoje eu achei dois cds que um ex namorado gravou pra mim e resolvi que deveria guardá-los lá na malinha maior.
No entanto, antes de abrir a malinha, titubiei.
Eu já sabia que assim que eu a abrisse, uma enxurrada de recordações iam pipocar na minha cabeça.
Resolvi abrir. E o previsto ocorreu.
Eu gosto de recordações e acho prazeroso se sentir um pouco nostálgica.
Mas é impressionante como cada vez que abro alguma das (bem)ditas malinhas começo a relfetir sobre a vida, sobre o amor, sobre o sentido da vida, sobre o sentido do amor.
Aquelas coisas que a gente só pensa num domingo nublado quando acaba a luz.
Remexi a malinha e primeiro reli um dos meus diários.
Ao mesmo tempo em que tive a impressão de que nem tinha sido eu que tinha escrito aquelas coisas, pareceu que meus medos e anseios continuam os mesmos. Talvez eu só os tenha renomeado para que pareçam mais complexos.
(sei que esse texto está com cara de que vai acabar pessimista, mas não...)
Eu vi fotos, li antigas cartas e achei até uma aliança!
E aí?
E aí que depois da minha longa reflexão interna pseudo-melancólica analítica, eu fechei minha malinha contente e com a agradável sensação de que as coisas vão bem como vão.
Aliás, muito bem...