1 de maio de 2008

Um minuto

Parei.
O carteiro mexeu na bolsa azul e acenou pra senhora que abria a caixa de cartas.
A moça morena contou pro rapaz de camisa xadrez algo feliz.
O homem sentado na frente da oficina sorriu pro cão que saltava afoito.
A mãe pegou na mão do menino e ajeitou seus cabelos em desalinho.
O velho passou sozinho e observou tudo isso com ar de agrado.
O farol abriu.
Segui.

Sonho vil

Sonhei que estava na rua de noite. Não tinha gente, não tinha bicho, carro, vento, luz, voz, não tinha nada.
Estava só, caminhava pé ante pé e me deixava levar. O tempo já não corria e eu não sabia mais se o hoje viraria amanhã.
O nada bastava, sentia a ausência de tudo e perdi a noção do que era existir. Somente caminhava pela rua vazia.
Pena que acordei ; e tive de começar a pensar no que falar, no que ouvir, no que fazer.
E voltei então ao estado obrigatório que sempre me encontro.