Ela estava com um frio na barriga que de tão forte deu dor no estômago.
No caminho para lá mudou a música do rádio do carro mil vezes, estava inquieta, fantasiava muitas coisas.
Ela o viu de longe.
Tremeram-lhe as pernas, secou-lhe a garganta.
Mas ela seguiu. Queria sentar por um minuto ou tomar um copo d'água mas sabia que quanto mais demorasse, mais sua agonia aumentaria.
Ele estava de paletó, jeans, tênis e barba. Era do tipo neo moderno. Estava em pé com as mãos nos bolsos, olhando pra esquerda.
Mas ela vinha da direita. Ajeitou o sutiã, colocou os cabelos atrás da orelha e ouvia seus própios sapatos na calçada "toc, toc, toc". Tinha ficado cinquenta minutos se arrumando. E ela era do tipo prática, que se arrumava rápido.
Mas naquele dia nada lhe caía bem. Queria uma roupa que a deixasse bonita mas que disesse "nem me arrumei, tava assim em casa e vim."
Foi se aproximando e quando estava quase perto abriu os braços e disse o nome dele.
Ele virou a cabeça, abriu aquele sorriso que ela achava lindo e cativante, e a abraçou a ponto de a tirar do chão.
Ele estava perfumado e mais gordo. Ela elogiou o perfume mas achou melhor não comentar nada sobre os kilos a mais.
Foram pra um café discreto. Conversaram de tudo, como bons amigos que não se viam há tempos. E de fato eram.
Ele pediu chá. Ela se lembrava que ele gostava de chá e disse isso pra ele. Os dois sorriram. Ele disse que ela estava linda e bem arrumada. Seu plano da roupa não tinha dado certo.
Durante a conversa eles foram se aproximando, até que de uma hora pra outra ela notou que estava com as pernas quase em cima das dele e estavam abraçados, enterrados no sofá confortável da cafeteria.
O coração dela disparou. Queria agarrá-lo, beijá-lo, senti-lo, mas não tinha coragem.
Deram as mãos. As dele estavam quentes, as dela suadas.
Deitou a cabeça em seu ombro e ele foi lentamente virando a cabeça pra ir de encontro com a boca dela.
Nesses instantes tudo passou pela sua cabeça. Queria gritar de alegria, fugir de medo, sorrir, acelerar, mas ficou imóvel. Ele encostou os lábios nos dela. Ficaram assim por segundos e como mágica se beijaram.
O beijo foi longo e quando acabou, os dois pareciam envergonhados e bobos.
Se despediram. Ela voltou pra casa assoviando e ouvindo todas as músicas que tocavam na rádio, não importava qual fosse, sua cabeça estava voando.
Chegou em casa, tirou os sapatos, se olhou no espelho e suspirou.
De repente chega uma mensagem no seu celular. Ele dizendo que queria mais.
Ela respondeu dizendo que também e dando boa noite.
Deitou na cama e ficou relendo a mensagem uma vez, e outra e outra e outra. No escuro de seu quarto só se via a luz do celular.
Se cobriu e olhou pro teto. Estava com um sorriso abobalhado que não lhe saía do rosto.
Ela o conhecia. Sabia bem que naquela situação em que estavam ela podia vir a se machucar no futuro.
Mas não se importou. Queria vê-lo o mais depressa possível.
Dormiu feliz.
7 comentários:
adoro.
quem me dera ser personagem teu...
Lindo seu texto Dé, adorei seu blog...Parabéns..
beijos
E para quando a continuaçao da historia?!
Ela dormiu mesmo?
Acho lindo esses momentos, o ruim é que os personagens acabam não importando tanto, desde que se tenha uma história pra contar. Ah, mas acho que a vida é mesmo assim, nao importa com quem nem aonde.
ele voltou?
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